terça-feira, 4 de maio de 2010

Era um dia qualquer, seco e quente. Estranhava a quentura da pele, mas o vento seco contribuía para a sensação de ressecamento. Fazia tanto tempo que não sentia o tempo assim.
Parou o carro, olhou para a planta na área, precisava de água, batendo em tudo, porque era uma característica nata e por mais que tentasse “a delicadeza feminina” nunca conseguia. Achava mais fácil entrar em alfa, do que ter bons modos femininos. Olhou para o cachorrinho que sempre sorria pra ela. (sim... sim... sim... a música era real).
A sala, parecia esperando-a, e fazia-se cheia de esperanças, era clara e arejada, tinha um sofá verde musgo. Não sei por que, mas algo ali sempre lembrava uma planta, mas ela nem se interessava tanto assim em plantas, tanto é que esquecia sempre de molhá-las.
Não fosse ele.
As plantas secariam.
Não fosse ele. Ela própria secaria.
O tapete contornava o sofá, com detalhe em marrom e creme. No canto tinha uma mesa com um vaso e tulipas (fruto de uma visita a Holanda, bons tempos) Era uma sala normal. Mas, os banquetes eram... floridos. Havia sim, muito dele ali. Muito mais dele, que dela.
Embora nunca, se interessasse por decoração, os quadros normalmente estavam sempre arrumadinhos.
Mas ele arrumava para ela.
Sempre ele.
Ele tinha uma capacidade incrível de colocá-la em pé, assim como quadros.
Sempre ele.
A t.v, ali não existia T.V.
Embora fosse uma paixão dos dois.
Dos três.
E talvez até do cão que se achava gente. Gostava de TV..
Sentou-se, sentindo-se cansada.
Mas a sala sempre a animava, nunca, estranhamente, nunca parava por ali.
Naquele dia descansou.
O silêncio se tornou incomodo.
A porta se abriu. Por ela, entrou... A esperança, o medo, a paciência, o complemento. A agilidade e principalmente o amor. Amor de homem.
Junto com tudo isso, veio aquela alegria cheia de fome e cara suja. Um sorriso impossível de esquecer.
Fiquei feliz.
Observando daqui de fora cheguei as minhas conclusões, que não necessariamente precisa ser a de todo mundo.
Ninguém precisa de muito. Mas tudo isso é básico.
Uma cesta básica humana e animal.
Qualquer um merece e precisa. Acreditem.

8 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Porque a gente acredita que só consegue ser feliz se estiver apaixonado. Porque a gente acha que precisa do "outro" pra viver bem. Porque a gente tem razão, porque é assim mesmo, Claudia.

    bJôka

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  3. Excluí o primeiro comentário porque vacilei na digitação e tenho horror de coisa escrita errada.

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  4. Perfeita a forma como descreve os objetos.. os dá a nítida imagem de estar adentrando o recinto!! Parabéns

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  5. Ora, veja...
    A poetisa também manda muito bem em prosa... Novidade... Ela é muito talentosa, qualquer um sabe disso.
    Parabéns, amiga. Muito legal seu texto. Descrição de imagens perfeita. Irretocável.
    E Feliz Dia das Mães.
    Carpe Diem. Aproveite o dia e a vida.

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  6. Me senti lá dentro...!
    ^^

    Amei a frase: "Junto com tudo isso, veio aquela alegria cheia de fome e cara suja."

    ^^

    Parabéns pelo texto!

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